18 de Abril de 2024

Salvador e RMS superam Rio em número de mortos com armas de fogo

Ao longo do segundo semestre do ano passado, Salvador e sua região metropolitana (RMS) registraram mais mortes com armas de fogo do que a região metropolitana do Rio de Janeiro: enquanto naquele município houve 1.758 tiroteios, 484 mortos e 565 feridos, na capital baiana aconteceram 753 tiroteios, com 499 mortos e 164 feridos. Por outro lado, a RMS aparece atrás do Recife, que teve 797 tiroteios, com 600 mortos e 309 feridos. 

As informações são do último relatório produzido pelo Instituto Fogo Cruzado, organização não governamental que chegou a Salvador em julho do ano passado e já atuava no Rio de Janeiro e em Recife desde 2016 e 2018, respectivamente. Segundo a coordenadora do instituto na Bahia, Tailane Muniz, os indicadores semelhantes entre as capitais baiana e fluminense se devem ao fato de a dinâmica da violência armada nesses locais ser parecida. 

“Muitas vezes, os números daqui são até maiores. Isso depende de alguns aspectos, como disputas entre facções e operações policiais. E essas duas características estiveram em alta em 2022”, explicou Muniz. A proporção de tiroteios em ações policiais em Salvador foi 32% em 2022, pouco abaixo dos 35% da região metropolitana do Rio. 

“Já em Pernambuco há uma dinâmica de violência mais endereçada, com alvos específicos. Por lá, a letalidade policial é consideravelmente menor”, acrescentou a coordenadora do Fogo Cruzado, que acredita que esse dado possa servir de exemplo para que o governo “vá no caminho da boa política para a segurança pública”. 

“Se Salvador tem índices de violência armada parecidos ou até maiores do que os do Rio, é porque as coisas estão, definitivamente, no caminho errado. Os números são fundamentais para construir políticas de segurança que sejam eficientes”, cravou Muniz. 

Para o especialista em Segurança Pública Jorge Melo, a cidade passa por um processo de ‘equacionalização do poder’ entre organizações criminosas. “Nós tínhamos facções locais que, há alguns anos, se aliaram a grandes organizações nacionais. Isso gerou uma alteração na estrutura de poder dessas organizações, e elas passaram a disputar, com mais intensidade, os territórios para poder dominar e manter os seus negócios”, analisou Melo. 

“Esse movimento possibilitou a esses grupos, além de um maior acesso a drogas, maior acesso a armas”, continuou o especialista. Conforme sua percepção, diferentemente do Rio de Janeiro, em Salvador os territórios ainda estão em disputa, o que gera tiroteios, os quais, por sua vez, elevam os números de mortos e de feridos. “Evidentemente que, nessa conta aí, tem também o saldo dos embates com as forças de segurança”, observou ele.  

 

Leia mais no CORREIO / Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO

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