02 de Maio de 2024

Amorim vai à Ucrânia para tentar minimizar desgaste de Lula durante encontro do G7

O assessor especial da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, embarca para a Ucrânia nesta quarta-feira (10) no intuito de minimizar o desgaste com o Ocidente causado pelas declarações pró-Moscou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Seu objetivo é preparar o terreno para o encontro do G7, o grupo dos países mais ricos do mundo, do qual Lula vai participar neste mês, no Japão.  

A expectativa dos aliados de Lula é de que com a visita de Amorim à Ucrânia, os países integrantes do G7 diminuam as cobranças contra o petista. O grupo é composto por França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália e Canadá, países aliados da Ucrânia contra a invasão russa.

Lula vem dando declarações seguidas de apoio a Moscou na guerra. Ele afirmou, por exemplo, que a Ucrânia seria tão culpada pelo conflito quanto a Rússia. Porém, foram os russos que lançaram uma invasão de larga escala contra a Ucrânia em fevereiro de 2022.

O presidente brasileiro também vem criticando a hegemonia do dólar como moeda de comércio internacional e pregando um alinhamento político com a China, parceira da Rússia, para "equilibrar a geopolítica mundial".

Essa será a primeira visita de um integrante do governo brasileiro à Ucrânia, que foi invadida pela Rússia há mais de um ano. Antes disso, o assessor especial de Lula já havia feito uma visita ao governo russo, onde ele se encontrou com o presidente Vladimir Putin.

Ainda em fevereiro, o encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, chegou a afirmar que uma visita de Lula à Ucrânia poderia “mudar a atitude” do petista sobre guerra. Depois disso, o próprio presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convidou Lula para visitar Kyiv.

Mas Lula não quis correr os riscos de uma viagem ao campo de batalha. Só nesta terça-feira (9), a Rússia lançou 15 mísseis de cruzeiro contra a capital ucraniana, que é o destino de Amorim. No domingo (7), Moscou lançou o maior ataque de drones suicidas contra a Ucrânia desde o início da guerra. Mais de 60 aeronaves carregadas de explosivos voaram em formação de enxame até se chocar contra alvos o território ucraniano durante quatro horas seguidas.

Agora, aliados do presidente brasileiro dizem acreditar que a visita de Amorim ao território ucraniano vai embasar o discurso de Lula junto aos líderes do G7. O presidente pretende apresentar ao grupo de países ricos uma proposta de construção de paz para o conflito.

Porém, ela acontece em um momento no qual a paz é considerada praticamente impossível, pois ambos os lados beligerantes acreditam que podem vencer o conflito. A Rússia segue recrutando mais 415 mil soldados e a Ucrânia prepara uma contraofensiva de larga escala para retomar território, segundo dados da inteligência americana que foram vazados no início do ano.

Recentemente, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o “clube da paz” proposto pelo petista deve ter a presença de países que sejam “relevantes” e tenham contato “com os dois lados”. Mas, durante uma entrevista à TV estatal chinesa em abril, Lula admitiu que não possui nenhum plano de paz concreto para a Ucrânia para apresentar.

"O Brasil não quer e não se arvora em ser o negociador da paz e ter a chave para a solução. Nós queremos mobilizar todos, inclusive as duas partes, para que haja um início de conversas que possam levar à paz", disse o chanceler brasileiro em entrevista publicada pelo jornal português Público.

Integrantes do governo avaliam que Lula pode convencer os integrantes do G7 sobre a atuação do Brasil na busca por diálogo justamente por ter canais abertos com Moscou e Kyiv.

“Falei com [Emmanuel] Macron [presidente da França] sobre guerra na Ucrânia. Vou voltar a conversar com ele. Falta conversar com [Narendra] Modi, [primeiro-ministro] da Índia. Se eu conversar com presidente da Índia, é a chance de conversar com quatro grandes e quem sabe a gente encontra jeito de começar a conversar”, disse Lula durante a coroação do Rei Charles III, em Londres, no Reino Unido.

 

Informações da Gazeta do Povo / Foto: Ricardo Stuckert/PR

 

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