27 de Abril de 2024

Encanto do mercado financeiro com Haddad acabou e ruptura coloca governabilidade em risco

O encanto da chamada Faria Lima – a avenida da capital paulista que reúne escritórios dos principais bancos e corretoras do país – com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acabou. A paixão fugaz durou apenas quatro meses: logo após ele ter superado as desconfianças iniciais de sua indicação, passou a ser visto como um contraponto positivo às posturas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tidas como ameaçadoras para a estabilidade econômica. Em meados de agosto, porém, a situação mudou, com a perda total da credibilidade em suas metas fiscais. Sem conseguir dar segurança à evolução das contas públicas, Haddad e o governo se distanciam do mercado financeiro e passam a depender ainda mais do Congresso, colocando em risco a própria governabilidade.

Após protagonizar novos embates com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), principal fiador no Congresso de uma agenda reformista para a economia, e de sofrer derrotas em votações recentes do interesse do governo, Fernando Haddad passou a ser alvo de uma crescente descrença sobre o seu compromisso de zerar o déficit da União em 2024. Essa perda de prestígio perante investidores, setores produtivos e analistas econômicos deu ainda ânimo para parlamentares e líderes do PT, como os deputados Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ), criticarem o ministro e pressionarem Lula a investir numa pauta econômica populista e opositora ao mercado financeiro.

A inflexão de Haddad para a esquerda, após ter sido elogiado pelo Centrão e pelos agentes financeiros na condução de acordos para aprovar a reforma tributária e o arcabouço fiscal, começou quando ele classificou o poder da Câmara como excessivo, numa polêmica entrevista dada em 14 de agosto. Na aprovação final do novo arcabouço fiscal pelos parlamentares, em sua segunda passagem pela Câmara, acabou sendo excluída a emenda proposta pelo governo para garantir um gasto extra de até R$ 40 bilhões em 2024. Antes disso, o presidente Arthur Lira havia mostrado irritação com a crítica de Haddad e avisou que estava chegando a hora de a equipe econômica começar a considerar o corte de gastos, algo que parece um tabu em gestões petistas. Nessa toada, o deputado tem ganhado apoio para levar adiante o debate e a votação de uma reforma administrativa, outro tema severamente evitado pela gestão petista.

 

Informações da Gazeta do Povo / Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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